Todo investimento há riscos. Seja na renda variável ou na renda fixa. Muitos falam por aí que investir nos títulos do tesouro direto não contém riscos, mas isso é mentira, pois há risco de calote por parte do governo.
É que, para isso acontecer, o país precisa “falir”. E como isso é algo difícil de acontecer, as pessoas consideram como algo impossível, mas não é. Veja quantos calotes a Argentina deu.
Principalmente agora que vamos enfrentar uma eleição presidencial, muitos candidatos prometem coisas impossíveis, projetos que o governo não tem condições de arcar e manter.
Não adianta acabar com o teto de gastos, aumentar o bolsa família, prometer dezenas de benefícios sociais, sem levar em conta a capacidade do governo de custear esses gastos.
Sempre vemos nos jornais o chamado “risco fiscal”. Quando ele aumenta, o governo tem dificuldade em “rolar” a dívida, emitindo novos títulos do tesouro. Isso porque os investidores ficam receosos com a capacidade de pagamento do governo.
Risco fiscal nada mais é que o risco de calote, risco do governo não pagar os rendimentos dos títulos, pois os investidores que os detêm, estão, na verdade, emprestando dinheiro para o governo.
O governo nunca paga sua dívida. Ele fica rolando, pegando mais dinheiro emprestado no mercado. Os juros desse empréstimo são atrelados às taxas de juros como a SELIC. Então, se o COPOM aumenta muito a taxa, pesa no bolso do próprio governo.
Emprestar dinheiro para o governo, comprando títulos com vencimentos longos, diante da possibilidade de um novo presidente aumentar o risco fiscal, pode não ser uma boa decisão neste momento.
Porque se você compra um título com vencimento longo, não pode mexer nesse dinheiro até o vencimento, sob pena de perder parte dos lucros.
Presidentes da República não têm a pele em jogo com as dívidas públicas do governo. Quem tem é você investidor. Então, dê seu jeito e pare de acreditar em quem não tem incentivos para te proteger.
Cuidado com a renda fixa. Ela pode se tornar uma perda fixa.
Renan Antunes
